O PSDB só terá uma saída a partir de 2011. Rever suas origens para tentar, quem sabe, liderar novamente. Os principais objetivos, que justificaram sua criação em 1988, deverão estar à frente de tudo. Seus fundadores queriam construir uma democracia moderna e estável. Repudiavam e rejeitavam as adesões oportunistas. E ainda pleiteavam a não tolerância aos membros do partido que agissem de forma contrária à ética e aos postulados partidários. Esses princípios eram todos oriundos do Movimento de Unidade Progressista – MUP, desde 1987.
Ideário adolescente que na maioridade se provou inatingível. Mas se essa coletânea provinda das ideias políticas de 1987 não frutificar, o capítulo final do PSDB será melancólico como foi a derrocada de outras grandes agremiações políticas na história do país. Deste modo, os fatos reservam apenas um destino ao tucanato. O Partido da Social Democracia Brasileira se transformará num apêndice, o prolongamento de um partido principal. Algo parecido com o Partido da Frente Liberal - PFL (em cujo balcão se negociou as mais repugnantes alianças) e o deteriorado Partido do Movimento Democrático Brasileiro – PMDB (ex-linha de frente em históricas batalhas democráticas e hoje um generoso pedaço de costela de outra agremiação).
Nesta descompromissada análise, cabe ressaltar que sempre admirei grandes personalidades políticas – fossem de um tempo extinto na História do Brasil, como Juscelino Kubitschek - JK, ou contemporâneas, como Luiz Inácio Lula da Silva, o maior exemplo de liderança popular, obstinação política e determinação pessoal pós Ditadura Militar. Mas abordar Lula por certo soará como oportunismo além de inoportuno, já que estou falando do PSDB e não do Partido dos Trabalhadores - PT. Prefiro retornar ao tucanato e ao seu futuro político.
Voltar ao assunto, porém, significa também voltar no tempo para lembrar o ex-governador paulista Mário Covas, um dos principais fundadores e primeiro presidente do PSDB. Ele é um dos maiores políticos brasileiros. Mário Covas é a quintessência do PSDB, a sua parte mais pura e real.
Quem conheceu o homem e o político Mário Covas sabe do que falo. Apenas para ilustrar o argumento, torna-se oportuno, sobretudo para os jovens que não o alcançaram no auge ou aqueles desprovidos de memória, um pensamento desse líder, destacado na Fundação Mário Covas: “Para me credenciar a defender a minha verdade, começo por manifestar a humildade de saber que existem outras verdades e que elas são tão sustentáveis quanto às minhas e a única razão pela qual um homem, um democrata passa a ter o direito de defender a sua verdade é exatamente o respeito que ele manifesta pela alheia”, proferiu Covas.
A vida política de Mário Covas nunca serviu de cartilha para nenhum tucano. Muito menos para aqueles de maiores e mais belas plumagens. Esse erro foi, com certeza, o maior deslize cometido por um partido político que está a um passo do poder e a um palmo da degeneração.
Se não voltar ao passado para mirar o futuro, o PSDB acabará como mais um partido de negócios e oportunidades. Com o sentimento de dor moral ao rés do chão, como o PFL, ou ficará como uma substância política diversa, formando um todo não homogêneo, numa monstruosa deformidade política, como hoje é a face do PMDB.