segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Só Mário Covas salva o PSDB

Na reta final das eleições de 2010 é oportuno destacar a transformação que o Partido da Social Democracia Brasileira – PSDB, terá que encarar a partir de 4 de outubro. Fundado oficialmente em 1988 e hoje, aos 22 anos,  acima da maioridade, o PSDB não será o mesmo depois dessa disputa eleitoral para a Presidência da República. Qualquer que seja o vencedor desse pleito, uma mudança profunda resultará no partido dos tucanos. Nada será como antes.


O PSDB só terá uma saída a partir de 2011. Rever suas origens para tentar, quem sabe, liderar novamente. Os principais objetivos, que justificaram  sua criação em 1988, deverão estar à frente de tudo. Seus fundadores queriam construir uma democracia moderna e estável. Repudiavam e rejeitavam as adesões oportunistas. E ainda pleiteavam a não tolerância aos membros do partido que agissem de forma contrária à ética e aos postulados partidários. Esses princípios eram todos oriundos do Movimento de Unidade Progressista – MUP, desde 1987.


Ideário adolescente que na maioridade se provou inatingível. Mas se essa coletânea provinda das ideias políticas de 1987 não frutificar, o capítulo final do PSDB será melancólico como foi a derrocada de outras grandes agremiações políticas na história do país. Deste modo, os fatos reservam apenas um destino ao tucanato. O Partido da Social Democracia Brasileira se transformará num apêndice, o prolongamento de um partido principal. Algo parecido com o Partido da Frente Liberal - PFL (em cujo balcão se negociou as mais repugnantes alianças) e o deteriorado Partido do Movimento Democrático Brasileiro – PMDB (ex-linha de frente em históricas batalhas democráticas e hoje um generoso pedaço de costela de outra agremiação).


Nesta descompromissada análise, cabe ressaltar que sempre admirei grandes personalidades políticas – fossem de um tempo extinto na História do Brasil, como Juscelino Kubitschek - JK, ou contemporâneas, como Luiz Inácio Lula da Silva, o maior exemplo de liderança popular, obstinação política e determinação pessoal pós Ditadura Militar. Mas abordar Lula por certo soará como oportunismo além de inoportuno, já que estou falando do PSDB e não do Partido dos Trabalhadores - PT. Prefiro retornar ao tucanato e ao seu futuro político.


Voltar ao assunto, porém, significa também voltar no tempo para lembrar o ex-governador paulista Mário Covas, um dos principais fundadores e primeiro presidente do PSDB. Ele é um dos maiores políticos brasileiros. Mário Covas é a quintessência do PSDB, a sua parte mais pura e real.


Quem conheceu o homem e o político Mário Covas sabe do que falo. Apenas para ilustrar o argumento, torna-se oportuno, sobretudo para os jovens que não o alcançaram no auge ou aqueles desprovidos de memória, um pensamento desse líder, destacado na Fundação Mário Covas: “Para me credenciar a defender a minha verdade, começo por manifestar a humildade de saber que existem outras verdades e que elas são tão sustentáveis quanto às minhas e a única razão pela qual um homem, um democrata passa a ter o direito de defender a sua verdade é exatamente o respeito que ele manifesta pela alheia”, proferiu Covas.


A vida política de Mário Covas nunca serviu de cartilha para nenhum tucano. Muito menos para aqueles de maiores e mais belas plumagens. Esse erro foi, com certeza, o maior deslize cometido por um partido político que está a um passo do poder e a um palmo da degeneração.


Se não voltar ao passado para mirar o futuro, o PSDB acabará como mais um partido de negócios e oportunidades. Com o sentimento de dor moral ao rés do chão, como o PFL, ou ficará como uma substância política diversa, formando um todo não homogêneo, numa monstruosa deformidade política, como hoje é a face do PMDB.

8 comentários:

  1. Pois, é, meu caro, partidos mesmo, restaram quase nada. O PTB é um dos raros. Ufanismos á parte, de Getúlio á Campos Machado, talvez seja uma realidade que está surgindo.

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  2. Se o Serra perder a eleição, como promete, e se por um milagre das urnas, o Alckmin também não levar, não vai sobrar pena sob pena.
    O PSDB não conseguiu ser oposição ao governo Lula e, em vez de pensar numa aproximação, continuou sem bandeira. Nem situação, nem oposição. Agora, como diz o Luchetti vai pagar caro.

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  3. Luchetti,
    O retirante Lula está prestes a passar o seu caminhão Pau de Arara por cima dos Tucanos nesta eleição, e sem Mario Covas o atropelamento será fatal.
    Vai voar pena pra todo lado... Nem o Ministério do Meio Ambiente vai dar jeito.
    Roberto Ferreira

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. O ato de morrer não pode ser visto sempre como uma inevitável beatificação em nossa política. Todos cometem falhas e Mário Covas não foi uma exceção. Por outro lado é impossível deixar de reconhecer o seu legado para com a nossa democracia. Infelizmente parece que a liderança tucana se esqueceu, e o pior, comete o mesmo erro para com FHC. Sem reconhecer seus grandes nomes o PSDB agoniza e acaba por chafurdar na própria lama !

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  6. Não há dúvidas que o tucano está sendo ameaçado de extinção. De dossiê em dossiê, ele é caçado. Também não consegue procriar a própria espécie, como observou Luchetti. Triste destino. Ainda mais para um partido que é, por ora, o maquinista da locomotiva do Brasil e responsável por derrotar duas vezes —e no primeiro turno— o presidente com o maior índice de aprovação da história.
    RT

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  7. O PSDB se perdeu por sí só, esqueceu sua história, suas origens, seus homens de frente, os que contruiram e fizeram o Partido da Social Democracia Brasileira surgir e crescer, e no meu entender, se faz certa a frase "Quem não respeita sua história esta fadado a não ter futuro!".

    Abraços

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  8. Sr Luchetti estou precisando muito falar com você...
    Kaique Arruda 061 9307 9803
    Contato@CodyKayky.zzn.com

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